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Notícia

Maioria da categoria aderiu ao protesto em defesa dos serviços públicos

De dentro de casa, servidores se somaram às manifestações por serviços públicos de qualidade, empregos, direitos e democracia. Para diretor da Condsef/Fenadsef, Brasil está na contramão do mundo e mobilizações tendem a se intensificar, foto: Reprodução/Rede Brasil Atual

A população brasileira indignada com a falta de políticas incisivas para recuperação do País participou no último dia 18 (quarta-feira), do barulhaço em defesa dos serviços públicos, empregos, direitos e democracia. Na manhã da última quinta-feira, 19, pessoas ainda gritavam “Fora Bolsonaro” pelas ruas. Segundo o Secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo da Silva, a maioria dos servidores públicos federais aderiu à greve de 24 horas e se somou ao grito popular contra o despreparo do governo. Durante uma hora inteira, das 20 às 21 horas, protestantes apitaram, bateram panelas e clamaram o fim do governo de Jair Bolsonaro.

A força da indignação tem motivo. Enquanto países do mundo se mobilizam para liberar auxílios significativos às famílias afetadas pelo isolamento social, no Brasil, a proposta do governo, que deve ser apresentada como Medida Provisória ao Congresso Nacional, é permitir às empresas privadas redução de 50% da jornada com diminuição proporcional dos salários dos trabalhadores. A Condsef/Fenadsef repudia a iniciativa, considera a ideia catastrófica e sai em defesa dos trabalhadores brasileiros. “O Congresso não pode permitir um absurdo desses”, afirma Sérgio Ronaldo.

“Infelizmente o governo continua na contramão dos outros países para barrar a epidemia e quer que os trabalhadores paguem o pato, mas não vamos deixar. O protesto de ontem foi positivo para mostrar que as pessoas estão atentas às ações do governo e estão reagindo com indignação às medidas apresentadas até o momento”, avalia o dirigente. Sérgio Ronaldo, que mobiliza sua categoria desde dezembro contra a PEC Emergencial, que visa reduzir 25% da jornada dos servidores com diminuição proporcional dos salários, sai também em defesa da classe trabalhadora em geral.

“O governo quer permitir às empresas privadas que diminuam 50% da remuneração dos seus trabalhadores, que já são explorados e recebem salários baixos. Enquanto isso, Paulo Guedes avalia dar bilhões para companhias aéreas. Nosso País tem 40 milhões de brasileiros na informalidade que estão à míngua, como essa população deve sobreviver?”, pergunta. “O Brasil está sem comandante e o povo tem que reagir. O protesto nacional de ontem mostrou que podemos virar o jogo com mobilização popular. Chega de absurdo”, mobiliza.

Proposta dos servidores para o bem da sociedade
Se o governo age de forma incompetente e irresponsável, a Confederação representante da maioria dos servidores públicos federais aponta soluções mais eficientes para superação das crises de saúde e econômica brasileiras. Para Sérgio Ronaldo, o Brasil deve parar imediatamente de pagar agiotas internacionais, parar de pagar a dívida pública e revogar a Emenda Constitucional 95, conhecida como Teto dos Gastos, para que os serviços públicos cheguem à população com qualidade e rapidez.

Estes caminhos tornariam a contenção da pandemia mais eficiente e não sacrificaria a classe trabalhadora. “A população está fazendo sua parte no isolamento, mas as instituições precisam agir. Se o governo tivesse adotado as medidas corretas desde o início, esse problema estaria amenizado, mas parece que foi premeditado para sacrificar a população. Estamos em um País sem rumo. Bolsonaro precisa sair do palanque para resolver o problema, propondo políticas incisivas para resolver o caos. Mas redução salarial não aceitaremos jamais. A mobilização será intensificada todos os dias”, enfrenta Sérgio Ronaldo.

Bolsonaro X China
Enquanto a categoria de servidores fazia paralisação de 24 horas, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) atacou a China pela sua conta do Twitter. Na postagem, o parlamentar filho do presidente da República acusou o governo chinês de ditador e culpou o país pela pandemia. Em resposta, a Embaixada da China no Brasil considerou a posição de Bolsonaro lamentável.

“Você é uma pessoa sem visão internacional nem senso comum, sem conhecer a China nem o mundo. Aconselhamos que não corra para ser o porta-voz dos EUA no Brasil, sob pena de tropeçar feio”, escreveu o perfil oficial da representação chinesa. O embaixador Yang Wanming também manifestou repúdio e exigiu que o deputado peça desculpas ao povo chinês. “Vou protestar e manifestar nossa indignação junto ao Itamaraty e a Câmara dos Deputados”, escreveu, marcando na publicação a casa legislativa, o presidente Rodrigo Maia e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Rodrigo Maia respondeu ao embaixador também pelo Twitter. “A atitude não condiz com a importância da parceria estratégica Brasil-China e com os ritos da diplomacia. Em nome de meus colegas, reitero os laços de fraternidade entre nossos dois países. Torço para que, em breve, possamos sair da atual crise ainda mais fortes”, escreveu.

A antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, considerada nas Ciências Sociais brasileiras como uma das pioneiras na produção de trabalho de campo na República Popular da China, também se manifestou sobre a fala de Eduardo Bolsonaro. “Enquanto o moleque Eduardo Bolsonaro culpa a China de espalhar vírus, e os moleques do MBL divulgam meme vulgar e preconceituoso na mesma direção, o governo chinês anuncia ZERO caso na região onde tudo começou. Essa é a diferença: uns gritam, outros agem”, escreveu.

“Vale lembrar que o preconceito sobre a China ‘infestando’ o mundo faz parte de um antigo projeto imperialista, colonialista e orientalista. Coronavírus expõe a nossa desinformação sobre a China, o maior fenômeno econômico dos nossos tempos”, acrescentou.